Logística

O que é cross docking e como aplicar no seu e-commerce

Postado por Mandaê

Atualizado em março 31, 2022 por Talitha Adde

Cross docking é uma modalidade logística que permite reduzir os estoques a zero e eliminar desperdícios no e-commerce. Os produtos comprados em uma loja virtual são enviados pelos fornecedores diretamente a um centro de distribuição (CD) e despachados para o consumidor, sem que seja preciso armazená-los.


Por trás do sucesso de grandes lojas virtuais como Mobly, Walmart, Americanas e Submarino, existe um sistema que reduz custos de armazenagem e proporciona maior eficiência logística. Estamos falando do cross docking, que permite zerar estoques e otimizar o fluxo de produtos nas empresas.

Em um levantamento feito pela Neogrid, empresa especializada em soluções para gestão de Supply Chain, estima-se que o setor de varejo perca R$ 9,6 bilhões com itens que não são vendidos. Destes, cerca de R$ 6,7 bilhões são perdidos por erros no controle de estoque.

É por isso que grandes empresas de varejo têm recorrido cada vez mais ao cross docking. Afinal, é muito mais econômico armazenar produtos pelo mínimo de tempo possível, de modo que estejam em constante movimento.

Se você quer entender melhor essa modalidade logística, preparamos um artigo completo sobre o que é cross docking, como funciona e quais são os benefícios ao adotar esse sistema, seja como fornecedor ou gestor da cadeia de suprimentos. Então, continue a leitura e aproveite! 👀

O que é cross docking?

Cross docking é uma modalidade logística que permite reduzir os estoques a zero e eliminar desperdícios no e-commerce. Basicamente, os produtos comprados em uma loja virtual são enviados pelos fornecedores diretamente a um centro de distribuição (CD) e despachados para o consumidor, sem que seja preciso armazená-los previamente.

Essa técnica logística deriva do sistema de administração Just in Time. Tal conceito parte do pressuposto de que matérias-primas e produtos devem estar disponíveis em estoque somente a partir do momento em que forem necessários — sem deixar itens parados.

Essa estratégia reduz o custo de operação de estoque, diminui o CMV (Custo de Mercadoria Vendida) e, quando bem empregada, pode aumentar a eficiência logística da empresa.

 

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    Principais características do cross docking

    Para que um sistema seja denominado como cross docking, é preciso que:

    • O tempo de permanência da mercadoria nas dependências do parceiro logístico seja mínimo. Esse tempo pode variar de um dia a, no máximo, três, dependendo do modelo do serviço contratado. Caso o tempo de armazenamento exceda o prazo máximo, pode ser cobrada uma taxa de estocagem, o que acaba prejudicando o propósito inicial (o de não arcar com custo de armazenamento);
    • Assim que o produto estiver disponível e for entregue ao centro de distribuição (que pode ser terceirizado ou próprio), ele deve ser encaminhado imediatamente ao cliente final;
    • É necessário ter um sistema integrado para acompanhar e gerenciar trocas e informações da melhor maneira possível. A comunicação precisa entre todos os participantes é indispensável, uma vez que a ideia é ter um fluxo ágil de produtos na cadeia de suprimentos.

    💡 Saiba mais: Logística para e-commerce: guia completo para uma gestão eficaz

    Qual o significado de cross docking?

    Na tradução do inglês para o português, o significado de cross docking é “cruzando as docas”. Essa expressão se originou do processo de descarregamento das mercadorias transportadas por navios.

    Depois de serem depositados em galpões, os itens eram movimentados por meio de esteiras até caminhões posicionados estrategicamente por região. Dessa forma, os produtos estavam sempre atravessando as docas do armazém, em vez de ficarem parados no estoque.

    Cross docking: como funciona?

    Aplicando o conceito de cross docking na prática, podemos tomar como exemplo o sucesso da parceria entre Americanas e Netshoes. Em 2008, antes de ser um e-commerce, a Netshoes tornou-se fornecedora exclusiva dos calçados da Americanas. Veja como funcionava o fluxo do sistema cross docking entre elas:

    • Pedido: cada vez que um cliente fazia o pedido de um calçado nas Lojas Americanas, um sistema de back office integrado consultava o estoque da Netshoes e fechava o pedido após a confirmação de pagamento;
    • Envio ao CD: feito isso, a Netshoes faturava e enviava os produtos para o centro de distribuição das Lojas Americanas, que tratavam de enviá-lo ao consumidor com sua própria etiqueta;
    • Distribuição: no centro de distribuição, as Lojas Americanas faziam a otimização logística dos pedidos. Em um lado do armazém, o fornecedor entregava os seus produtos. Internamente, os itens eram separados de acordo com o endereço de expedição e os veículos de entrega eram carregados;
    • Otimização: ao invés de enviar um só veículo para distribuir uma categoria de produtos (apenas calçados) em diversos endereços, o cross docking redistribuía a carga de diferentes fornecedores com Full Truck Load (FTL) para otimizar as entregas de diferentes produtos em determinada região.

    No caso, Full Truck Load significa “caminhão cheio”, em tradução livre. Trata-se de um tipo de carga homogênea, que geralmente opera com volume suficiente para preencher completamente uma caçamba ou o baú de um caminhão.

    💡 Saiba mais: Tipos de estoque: descubra qual é o melhor para a sua empresa

    Tipos de cross docking

    Existem três tipos mais comuns de cross docking nas empresas. Confira:

    • Movimentação contínua: mercadorias são recebidas pelo fornecedor e despachadas o mais rápido possível. É a forma tradicional de cross docking, que visa a evitar o acúmulo de itens em estoque;
    • Movimentação consolidada ou híbrida: as mercadorias são recebidas e separadas. Parte delas pode ser destinada ao cliente final e outra parte pode ser direcionada ao estoque para combinação com outros produtos que formarão pedidos completos;
    • Movimento de distribuição: os produtos são recebidos e separados para distribuição em cargas FTL para os clientes. Geralmente, é utilizado pelo setor B2B (Business to Business, que significa vendas de empresas para empresas).

    Benefícios do cross docking

    O principal benefício do cross docking é a redução do manuseio de produtos e a possibilidade que a empresa tem de trabalhar com estoques reduzidos ou nulos, provenientes apenas de fornecedores. Conheça a seguir os benefícios de implementar um sistema desse tipo na sua empresa:

    Estoque zero

    Uma das principais vantagens do cross docking é que você não terá que arcar com prejuízos de produtos parados no estoque. No e-commerce, é muito comum que os lojistas solicitem uma grande quantidade de produtos ao fornecedor e, no fim, as vendas não aconteçam conforme o esperado.

    Nesses casos, os itens parados em estoque só geram despesas de armazenamento. Da mesma forma, o cross docking também elimina a preocupação com produtos em falta e a necessidade de previsões de demanda.

    💡 Saiba mais: Como reduzir custos logísticos no e-commerce

    Tempo de entrega reduzido

    Pelo fato de a carga ser despachada no centro de distribuição pelo fornecedor e transferida diretamente ao veículo que fará a entrega ao cliente, o tempo de entrega total do pedido é reduzido. E, no e-commerce, isso significa maior agilidade e maior satisfação dos clientes.

    Menor custo logístico

    No cross docking, o produto não chega a integrar o estoque da empresa, sendo considerado apenas parte do inventário. Isso reduz os custos nos processos de manuseio e as despesas com o transporte das encomendas, uma vez que a carga de todos os fornecedores é distribuída de forma otimizada.

    Além disso, os veículos saem do armazém com carga completa e com rotas de entrega já calculadas. No fim das contas, tudo isso gera uma grande economia na gestão logística.

    💡 Saiba mais: Custo de armazenagem: como reduzir e melhorar a margem

    Redução do lead time

    O lead time é o tempo que o pedido leva para ser processado, desde o pagamento até a entrega para o cliente final. Por dispensarem a armazenagem em estoque, as empresas que adotam cross docking conseguem reduzir esse indicador e melhorar sua eficiência.

    Redução do capital de giro

    No cross docking, o lojista não precisa adquirir os produtos para vendê-los posteriormente. Ou seja, os produtos só são comprados quando são adquiridos pelos clientes, o que reduz o capital de giro necessário para manter o funcionamento do negócio.

    Satisfação dos clientes

    Em um mercado extremamente competitivo, um processo que possibilite a entrega mais rápida do produto ao cliente final certamente o deixará mais satisfeito e inclinado a comprar novamente na sua loja. Por isso, vale a pena investir no cross docking para melhorar sua fidelização de clientes.

    💡 Saiba mais: Fidelização de clientes: estratégias para adotar na sua loja

    Riscos do cross docking

    Pode parecer paradoxal, mas o maior risco do cross docking é não conseguir implementar corretamente esse sistema. Pelo fato de utilizar a filosofia just in time, a operação precisa estar sincronizada.

    Afinal, em uma cadeia de suprimentos, qualquer interrupção no fluxo habitual pode causar gargalos no processo. O ponto mais importante para levar em consideração é o fluxo de informação entre os envolvidos, para evitar falhas que possam atrapalhar a cadeia de suprimentos.

    Basicamente, são dois os principais riscos ao implementar o cross docking na sua empresa:

    • Gestão de supply chain: a premissa do cross docking é a redução dos níveis de estoque. Como mencionado, é fundamental ter um fluxo de mercadorias fluido e sem interrupções;
    • Avarias: a consequência de armazenar produtos por mais tempo do que o previsto é a margem para ocorrências com as encomendas, como avarias e trocas. Isso afeta a relação com fornecedores dos produtos e com os clientes finais.

    Cross docking vs. Dropshipping

    É importante distinguir os conceitos de dropshipping e cross docking. No primeiro caso, os pedidos da loja são enviados pelo fornecedor, que trata de enviar os produtos diretamente ao cliente. O proprietário da plataforma não interfere no processo e os produtos não passam por armazéns do varejista.

    É o caso de alguns produtos da Dafiti, que disponibiliza o espaço e a forma de pagamento em seu marketplace. As encomendas vão do anunciante para o comprador, sem intermediários. No exemplo abaixo, repare que o calçado é vendido e entregue pelo fornecedor Toda Musa:

    Cross docking pode ser um benefício tanto para o fornecedor quanto para o varejista, mas é importante estar em sincronia

    Já os sistemas de cross docking operam de forma diferente porque, de fato, há um armazém ou estoque intermediário no processo, mesmo que por um curto período. O armazém serve para, eventualmente, empacotar, etiquetar e fazer a distribuição logística dos produtos entre as diferentes transportadoras ou veículos da frota.

    Como implementar cross docking no seu e-commerce

    Se você ficou interessado em adotar o cross docking no seu e-commerce, precisa preparar sua estrutura para que esse sistema logístico funcione. Veja abaixo o passo a passo para a implementação:

    1. Invista em tecnologias de gestão

    Como vimos, um dos pontos críticos do cross docking é o fluxo de comunicação entre os operadores logísticos. Logo, você precisa do apoio da tecnologia para controlar as informações internas e manter os fornecedores sempre atualizados.

    Um sistema que não pode faltar na empresa é o ERP (Enterprise Resource Planning, ou Sistema de Gestão Empresarial). Com ele, você consegue fazer o controle do inventário de forma automatizada e manter um planejamento eficiente das operações de cross docking.

    2. Alinhe a operação com os fornecedores

    Para que o cross docking funcione, você precisa de fornecedores ágeis e confiáveis. Afinal, a função deles é enviar o produto rapidamente ao CD assim que for confirmada a compra.

    Além disso, os fornecedores devem manter você informado sobre os estoques disponíveis para evitar a venda de um produto em falta no seu site — o que pode causar danos irreversíveis à sua reputação.

    3. Decida se o centro de distribuição será próprio ou terceirizado

    Em relação ao centro de distribuição que fará o envio dos produtos, você tem duas opções: adquirir um CD próprio ou terceirizar o serviço para um CD externo. Obviamente, é preciso ter uma grande estrutura para manter um local desse porte, o que leva a maioria dos empreendedores a contratarem uma empresa terceirizada.

    4. Treine sua equipe

    As empresas que atuam com cross docking precisam de colaboradores treinados e preparados para lidar com esse sistema logístico. Então, certifique-se de que sua equipe entendeu a dinâmica da redistribuição e ofereça treinamentos para otimizar a comunicação com fornecedores e com o centro de distribuição.

    5. Faça testes e evolua aos poucos

    Se sua empresa trabalha com estoque próprio atualmente, é melhor fazer uma transição gradual para o cross docking. Isso evita que você tenha problemas com a logística como atrasos em entregas e falhas de comunicação.

    Então, a dica é começar com um pequeno volume de produtos para testar e ir aumentando a demanda conforme a estratégia mostra seus resultados.

    Vale a pena adotar o cross docking?

    Agora que você conhece os riscos e benefícios da estratégia logística de cross docking, fica mais fácil decidir se ele é adequado para o seu negócio. De modo geral, esse modelo funciona bem para lojas estruturadas que conseguem alinhar a operação entre fornecedores e centros de distribuição.

    Então, se você acredita que pode organizar uma cadeia logística dessa forma, vale a pena investir na modalidade e economizar com fretes e armazenagem. 

    Entendeu o que é cross docking e como usar esse sistema logístico no seu e-commerce?

    Aproveite e veja também como funciona o sistema Warehouse (WMS).

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