E-commerce

A difícil tarefa de precificar frete no e-commerce

Postado por Mandaê

Atualizado em abril 19, 2022 por Talitha Adde

Determinar preços de venda no comércio eletrônico – e no varejo em geral – não é das tarefas mais triviais na rotina de uma gestão comercial. Envolto em questões como previsão de vendas, margem de contribuição, impostos dos mais diversos tipos, séries de reajustes, preço de concorrentes e ofertas especiais, ao se deparar com os custos logísticos e especialmente o custo de frete, gestores comerciais e empreendedores não tem sua vida facilitada.

No e-commerce o frete é encarado praticamente da mesma forma desde o princípio das vendas online. Lojistas negociam tabelas de frete com as transportadoras a que tem acesso (e muitas vezes acabam contando só com Correios pelo baixo volume), transportadoras disponibilizam suas tabelas padrão, com uma série de variáveis e fatores que impactam no custo – além das regras para coleta, reentrega, faturamento e por aí vai – e o consumidor acaba tendo uma limitada e intricada gama de opções que impactam no valor total do pedido e na experiência de compra.

No Brasil temos uma taxa de abandono de carrinho – quando o cliente não finaliza uma compra iniciada no site – de mais de 83%, uma das maiores do mundo. Um estudo conduzido em 2015 pela ComScore, patrocinado pela UPS com e-consumidores de todo mundo, revelou que em 58% dos casos os consumidores abandonam o carrinho após notar como o frete tornou o custo total da compra mais do que se esperava pagar.

Uma tabela de fretes tradicional de transportadoras contém ao menos:

Preço

  1. Divisões por tipo de serviço: Expresso, Normal
  2. Divisões por faixas de peso
  3. Divisões por UF
  4. Divisões por Capital/Interior (muitas vezes indo a níveis de “Interior”)
  5. Adicional por peso excedido

Adicionais

  1. Grupos de Tarifa: Se a transportadora atende diretamente ou por redespacho
  2. Taxa de Seguro
  3. Taxa de GRIS – Gerenciamento de Risco (aberto muitas vezes por “nível” de risco)
  4. Limites para valor declarado
  5. Regras e taxas de reentrega
  6. Taxas para devolução
  7. Taxa de coleta
  8. Fator de cubagem – que aplica um fator para considerar o espaço ocupado pela carga no caminhão e não somente o peso, ficando quase sempre o que der maior valor entre os dois pesos
  9. Impostos

Ufa…

As transportadoras precisam considerar todos os fatores acima no valor cobrado dos embarcadores, visto que neste está todo o peso da ineficiência logística brasileira, com sua infraestrutura precária, combustível, pedágios e outros custos de nula ou baixa influência do transportador, além dos riscos à segurança da carga, com altos índices de roubo registrados nas principais regiões do Brasil.

Cálculo de frete no e-commerce pode impactar imagem e finanças da empresa

Sabendo que o custo do frete para o consumidor é um dos maiores fatores de impacto na conversão, lojistas tentam fazer “mágica” nas contas, ofertando frete grátis – geral ou a partir de determinado ticket, subsidiando parte do frete às custas de sua margem e/ou diluindo as faturas de transporte em linhas de “custos gerais” de suas contabilidades, mascarando a ineficiência dos modelos.

Combinando a complexidade na formação de preços de transportadoras, a limitação de volume para conseguir melhores negociações de frete e a necessidade de alinhamento ao mercado e rápida resposta a mudanças, vários e-commerces acabam limitando seus embarques com os Correios, o que nem sempre é a melhor opção.

O uso mal planejado dos expedientes acima pode ter impacto determinante na eficiência, na imagem e na saúde financeira de um e-commerce. Por isso, uma correta determinação de custo e preço de frete para os itens vendidos, adequada determinação e informação de prazos e regras de entrega, além de monitoramento permanente dos indicadores relacionados são essenciais na rotina de gestão de uma loja virtual.

Já vemos dados reais que demonstram que os empreendedores virtuais estão cada vez mais atentos a esse tema. De acordo com a pesquisa Webshoppers 2016, conduzida pela Ebit/Buscapé, no segundo semestre de 2015 a balança entre o Frete Pago e Frete Grátis nas lojas virtuais brasileiras atingiu o maior nível para a primeira opção nos últimos 3 anos, tendo 60% das compras sido concretizadas com o consumidor pagando pelo frete.

Ao pagar pelo frete, o e-consumidor tem preferência pelas opções mais baratas de envio. Em pesquisa recente, a empresa de tecnologia Axado constatou por meio das transações de frete realizadas em sua plataforma, que 83% das compras foram concretizadas com a opção mais barata de frete (sendo que nestas, em 28% das vezes a opção mais barata também era a que tinha melhor prazo) e somente 17% das compras foram concretizadas escolhendo a forma mais cara, porém mais rápida de entrega. Além disso, o prazo médio prometido para entrega subiu de 8.7 dias em 2014 para 9.4 dias em 2015, conforme divulgado no Webshoppers 2016, mostrando que o alinhamento da expectativa do comprador é um fator determinante para o varejo online.

Atualmente algumas ferramentas estão disponíveis para ajudar o lojista nesta árdua tarefa, desde a organização de tabelas de frete e rastreamento de cargas até a simplificação ampla do processo de entrega, por meio de serviços especializados.

No primeiro grupo encontramos empresas como a Intelispost e a Axado, que oferecem plataformas tecnológicas de gestão de frete que auxiliam na organização das tabelas das transportadoras para cálculo de frete online, criação de promoções baseadas no frete e também ferramentas para rastreamento de cargas, dentre outras funcionalidades que colaboram para gestão e tomada de decisão.

A terceirização da operação para provedores de serviço logísticos especializados no fulfillment e distribuição é outra estratégia que pode colaborar para simplificação dos processos e otimização dos recursos, auxiliando o lojista no planejamento e gestão do seu e-commerce.

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