Logística

Infraestrutura logística: impactos e alternativas para e-commerces

Postado por Mandaê

Atualizado em julho 13, 2021 por Mandaê

A crise econômica não foi um impeditivo para o e-commerce brasileiro crescer 7,4% em 2016. Esse resultado poderia ser ainda melhor se não fosse a carência histórica de investimentos em infraestrutura logística no país.

Não é novidade para ninguém que esse é um gargalo para os mais variados negócios no Brasil. Em 2016, os investimentos em infraestrutura como um todo foram de apenas 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) – algo em torno de R$ 105 bilhões.

Nesse caso, a infraestrutura vai desde o setor de transportes (o que nos interessa neste post) até os equipamentos do setor energético ou de saneamento básico.

Abaixo, veremos alguns desafios em infraestrutura logística, além de dicas sobre soluções tecnológicas pontuais para seu e-commerce não depender apenas de terceiros.

Setor de e-commerce poderia ter crescido mais com investimentos em infraestrutura logística

 Em 2016, o descaso e o sucateamento com a infraestrutura, que funda as bases do desenvolvimento de qualquer país, chegou ao nível mais grave da última década.

Recentemente, o investimento no Brasil só foi mais baixo em 2003, quando o governo federal e a iniciativa privada investiram 1,4% do PIB.

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Ou seja, os lojistas virtuais, que obtiveram notória atividade econômica diante de um cenário de recessão – dois anos consecutivos de retração do PIB (-3,8% e -3,5) –, poderiam ter vendido ainda mais caso os suportes para a distribuição de suas mercadorias funcionassem a pleno vapor.

De acordo com Armando Marchesan, CEO da Sequoia Logística, o Brasil investe apenas 0,5% do PIB em infraestrutura logística.

“É preciso investir ao menos 2% nos próximos 15 ou 20 anos para mudar esse quadro”, afirmou em palestra no Fórum E-commerce Brasil, realizado em São Paulo.

Logística de transportes: modais, armazenamento e política de frete

A logística de transportes engloba todas as formas de escoar as produções de um país, com velocidade e qualidade. Os eixos fundamentais são manutenção, recuperação, criação e expansão de rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos.

Segundo um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil recuou em 44% de investimentos nessa área de 2010 até o ano passado – com apenas R$ 28 bilhões investidos em 2016.

Desde a década de 1950, no governo Juscelino Kubistchek, o país priorizou o modal rodoviário para o transporte de cargas. Cerca de 65% de todas as operações logísticas do país utilizam rodovias.

Entretanto, apenas 12,2% dessas estradas são pavimentadas, de acordo com o Anuário da Confederação Nacional do Transporte.

Também vale lembrar dos poucos interpostos comerciais para o transporte rodoviário. Muitas vezes, as encomendas devem necessariamente passar por São Paulo antes de seguirem ao seu destino em outras regiões do Brasil.

A internacionalização de pequenos e médios e-commerces, que também foi ressaltada durante o Fórum E-commerce Brasil como um ponto de destaque em 2016, não está sendo acompanhada pelos modais aeroviários e aquaviários.

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Antonio Queiroz, managing director da Fedex Brasil (empresa com a segunda maior frota de aeronaves do mundo), lembrou que existe alta demanda por eficiência logística dos consumidores, pois os custos com transporte no produto final ficaram entre 7% e 14% no último ano.

“É também o que ocorre com o declínio da oferta de frete grátis, com 61% dos envios do e-commerce sendo pagos pelo consumidor”, complementa.

A logística ferroviária, considerada a mais econômica e com potencial para atenuar as débeis conexões de um país continental, representa apenas 25% do transporte de cargas.

Com cerca de 13 mil quilômetros de rios navegáveis, o transporte hidroviário de cargas é o mais subutilizável, tendo somente 9% das operações realizadas através dessa matriz.

Investimento imediato em tecnologia para e-commerces

Saindo do macro para o micro da infraestrutura logística, algumas soluções podem ser concebidas em casa. Se pouco se pode fazer sozinho para mudar o quadro nacional, apostar em tecnologia é um consenso para especialistas.

A integração de sistemas entre embarcadores e transportadores e a disponibilização instantânea da informação são medidas que geram melhor experiência ao usuário.

As etiquetas RFID estão em alta. Trata-se de um mecanismo que pode substituir os códigos de barra no controle dos produtos de estoque em tempo real.

Além de ser mais dinâmica e simples, elas promovem mais eficiência na cadeia de abastecimentos, redução da perda de vendas e melhor relacionamento com o cliente (mais controle, mais satisfação).

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É banal lembrar do QR Code, mas os e-commerces que ainda não o utilizam como alternativa para uma de suas atividades podem ficar para trás. O código bidimensional identificado por dispositivos móveis tende a ser um dos principais meios de pagamento eletrônico.

A boa notícia é que essas e outras soluções tecnológicas estão mais econômicas do que há alguns anos atrás. Pela alta oferta de startups desenvolvedoras, a tendência é que os valores desses serviços continuem em queda.

O Brasil ainda é incipiente em experiências com dispositivos como drones, carros autônomos ou impressoras 3D, que já estão rompendo paradigmas nos países de economia desenvolvida.

Apesar dessa realidade parecer distante de nossas terras, há cinco anos poucos poderiam ter certeza de que os atuais recursos tecnológicos pautariam as relações sociais, comportamentais, econômicas e outras como acontece hoje. De algum modo, isso pode influenciar diretamente o setor de infraestrutura logística muito em breve.

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