Negócios

Como contratar o profissional de logística ideal para a sua empresa

Postado por Mandaê

Atualizado em março 16, 2022 por Nuvemshop Acesso

 

Diante da complexidade da cadeia de suprimentos, recursos como a tecnologia dão um grande impulso na operação de um negócio, mas tão importante quanto isso é a contratação de um profissional de logística capacitado para ajudar a empresa a atingir seus objetivos.

Com o tempo, o setor logístico ganhou mais destaque e hoje é visto como parte crucial para desenvolvimento do negócio e até mesmo como um grande diferencial competitivo. Diante disso, o profissional de logística também precisou se moldar para acompanhar a evolução da área.

Saber selecionar as melhores pessoas para fazer parte da sua equipe requer alguns conhecimentos específicos para identificar o perfil que realmente irá ajudar a alavancar o desempenho da sua empresa.

Priscilla Carvalho

Priscilla Carvalho, Sócia e Diretora Executiva de Supply Chain da Ernst & Young.

Para ajudar você nessa missão, conversamos com Priscilla Carvalho, Sócia e Diretora Executiva de Supply Chain da Ernst & Young (EY). Com 15 anos de experiência em empresas de consultoria e operadores logísticos, a especialista dá dicas cruciais sobre contratação de profissionais para a equipe de logística. Confira!

Mandaê: Como estruturar uma equipe logística?

Priscilla Carvalho: A primeira coisa a se pensar é: qual o objetivo da minha empresa? Como a área de logística é muito ampla, é preciso separar o que é transporte e o que é armazenagem, ou seja, qual é o foco daquela equipe e o que deve entregar.

Para mim, uma equipe precisa ter um profissional de front office com um perfil flexível e uma formação técnica, já o back office necessita de gente analítica para olhar cada processo e dar o devido direcionamento para os demais. Isso para mim é a equipe perfeita, não importa o segmento da empresa.

Mandaê: Qual o perfil ideal de um profissional de logística?

PC: Eu segregaria em dois perfis ideais:

Perfil técnico/operacional: é o profissional que vive o hoje. Ele deve ter uma formação, mesmo que técnica ou profissionalizante, dependendo do nível de carreira. Hoje não se pode mais contratar uma pessoa que não conhece nada da área, porque estamos vivenciando um ambiente tão sofisticado e competitivo que não dá mais para correr riscos.

O ideal é que essa pessoa tenha ao menos conhecimento sobre nível de serviço, custos na logística, supply chain e, entre outras coisas, quais os impactos da operação para o meio ambiente e quais cuidados são necessários para minimizar o problema, porque cada vez mais temos que nos preocupar com esse aspecto. E, por fim, o que ele entende por relacionamento, tanto com o transportador quanto com o cliente final.

Perfil técnico com skills (habilidades) interpessoais: o profissional precisa ter boa comunicação e ser resiliente e flexível ao absorver a pressão do dia a dia. Ao mesmo tempo, não pode ser passivo, porque hoje não se pode mais agir da forma como fazíamos há 10 anos. Por exemplo: a entrega não aconteceu e só é dado um posicionamento ao cliente duas semanas depois. Isso é inadmissível nos dias de hoje.

É preciso acompanhar os eventos na cadeia de suprimentos e reagir a tempo. Temos que responder em uma velocidade mil vezes maior. Ou seja, o profissional de logística tem que saber priorizar as urgências, ler e seguir processos, porque hoje não dá mais para agir por intuição, é preciso saber tomar decisões rápidas, dada a sua alçada de responsabilidade.

Esses dois perfis se encaixam com um profissional mais técnico e que consegue perceber sensibilidades na operação rotineira e levantar a mão e falar “aqui tem alguma coisa que não está indo bem”.

Back officeo profissional que, junto com um data analytics forte, consegue identificar pendências e comportamentos nocivos e pode programar ou desenvolver soluções para minimizar ou evitar problemas.

Novamente, ter uma visão baseada apenas do passado não é o bastante. Nunca tivemos antes uma ferramenta que antecipasse problemas ou que pudesse cruzar as informações na velocidade que precisávamos para poder tomar decisões, mas hoje temos. Por isso é esperado que o profissional consiga fazer análises preventivas (desenvolvimentos de padrões), preditivas (padrões + comportamento) e prescritivas.

Por exemplo: supondo que é preciso trocar o óleo de uma empilhadeira a cada 5 mil horas rodadas. Isso é uma prevenção para não fundir o motor.

Já na análise preditiva, você pensa: a empilhadeira só precisa que troque o óleo a cada 5 mil horas se ela estiver operando numa rotação de ‘x’, mas essa minha empilhadeira atua numa rotação de ‘x2’ ou em ‘2x’, então no primeiro caso eu posso trocar o óleo antes da rotação completa, no segundo eu posso trocar depois, então por que vou gastar o óleo antes? Isso é predição. Reunir alguns fatores para poder tomara a decisão mais sábia.

E, por fim, a análise prescritiva, que é quando você está monitorando em tempo real o que está acontecendo e pode parar a operação e evitar algum problema. Isso porque você tem indicadores e sensores como na logística 4.0 e a internet das coisas (IoT), em que tudo está interligado.

Mandaê: Quais habilidades são imprescindíveis nos membros de uma equipe de logística?

PC: Devem ser ágeis. Não podem esperar o problema acontecer. Precisam ser antenados e atualizados em relação às tendências de mercado e têm que gostar de análise.

Mandaê: Como uma empresa deve fazer a integração do profissional de logística?

PC: A primeira coisa é o profissional de logística ter uma imersão nos objetivos do negócio. Ter conhecimento sobre o que a empresa preza, no que acredita e como ela quer operar. Por exemplo, ela preza o nível de serviço? O custo no qual o produto dela está atrelado?

Isso é importante porque muitas vezes essa pessoa vem de um segmento ‘A’ para um segmento ‘B’, portanto, garanta que ela entenda quais são os valores da empresa.

Outro ponto fundamental é explicar bem as metas relacionadas, ou seja, qual o objetivo da empresa e quais as metas da área logística que irão ajudar a atingir o resultado esperado.

Acredito que a formação seja o terceiro ponto. É importante investir no profissional oferecendo cursos, porque às vezes ele tem um curso técnico, mas precisa de um pouco mais de base. Ofereça cursos coletivos bem focados em seu negócio.

Pensando na escassez de profissional no mercado e o salário que normalmente não é muito alto por conta das margens apertadas, se você investe em cursos, será um benefício a mais que é percebido pelo colaborador. Então você fideliza ele.

Vale a pena investir em uma universidade corporativa ou cursos profissionalizantes.

Mandaê: Que tipo de capacitação técnica você indica para profissionais de e-commerce que querem ter mais conhecimento na área logística, visando melhorar a gestão e selecionar os melhores profissionais para compor sua equipe?

PC: Existem dois caminhos: ou o profissional é muito técnico e não tem um skill de relações muito forte, então ele deveria investir nesse lado pessoal. Não gestão de pessoas, mas o relacionamento para buscar novos negócios, saber ler o cliente para poder capturar o desejo dele e traduzir isso em oferta e em negócio para empresa. Esse é um perfil.

Nesse caso eu indicaria muito do que eu fiz. Eu era muito técnica, então fiz um MBA em internacional business para aprender como levar a empresa para fora, como desenvolver estratégias de negócios, entre outros.

O outro perfil de quem já tem muita prática pessoal, mas por outro lado não é muito técnico. Trata-se de uma pessoa que veio da área comercial e, por isso, possui essa parte de relacionamento pessoal muito forte, mas não consegue traduzir isso na operação.

Nesse caso, eu acredito que ele precisaria investir em uma formação mais técnica, principalmente na questão de custos, por exemplo: quais são os componentes de custo no supply chain?

Para ajudar nesse caso, existem infinitos cursos técnicos interessantes. Apics e Senac são exemplos de alternativas muito boas para pesquisar algumas opções.

 

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